O Parto Domiciliar
ainda existe e ele está acontecendo cada vez mais Brasil e no mundo.
Muitas mulheres procuram por esse tipo de parto devido a atual
assistência obstétrica brasileira, mecanizada, cercada de violência, mentiras e
desrespeito para com a mulher, o bebê e a família como um todo e/ou
porque se sentem mais seguras em casa.Primeiramente, saiba que o Parto Domiciliar é um direito
de escolha da mulher, recomendado pela OMS (Organização Mundial da
Saúde) e que não existe proibição na lei para tal, ou seja, se a
gestante tiver uma gestação de baixo risco, contratar profissionais
capacitados para fazer o atendimento e se sentir segura, ela poderá ter
um parto em casa.
Por que ter um parto domiciliar?
Aqui vamos falar sobre a parte hormonal e comportamental. Toda a dinâmica do parto pode ser comparado a relação sexual, pois envolvem os mesmos hormônios e, em geral, as mesmas características e comportamentos.
Em
que ambiente você se sente mais segura, confortável e consegue
aproveitar mais o momento do sexo? Você gostaria de pessoas
desconhecidas no local ou pessoas te olhando na hora H? Sente mais
prazer e fica mais relaxada em ambiente claro ou escuro, com um cheiro
familiar ou outro? Se estiver com fome, sede ou com uma roupa
desconfortável, claro ou escuro, é a mesma coisa? Relacione essas
perguntas com o que você idealiza em um parto e tenha a resposta.
No trabalho de parto e parto, são liberados os mesmo hormônios e substâncias que na hora da relação sexual. Veja:
- Prostaglandina - ajuda a preparar o colo do útero e é encontrada no sêmem;
- Ocitocina o "hormônio do amor" - responsável pelas contrações uterinas durante todo o trabalho de parto e parto e na relação sexual está intimamente ligada à sensação de prazer, bem estar físico e emocional;
- Endorfina - anestésico natural, ajuda o corpo a 'aguentar' a maratona do parto sendo liberada as poucos, também é responsável pelo efeito de euforia e prazer no sexo;
- Adrenalina - é liberada em situações de estresse e risco percebido, uma inimiga do parto (deve ser liberada durante o expulsivo somente) e do sexo, pois em quantidade corta o efeito da ocitocina.
É sabido que quanto menos intervenções e mais natural o parto, menos riscos mãe e bebê correm. Numa análise feita pela Dra Melania Amorim, através de vários estudos sobre parto domiciliar, destaco: "Os partos domiciliares planejados se associam com menor risco de intervenções maternas, incluindo analgesia peridural, monitoração eletrônica fetal, episiotomia, parto operatório, além de menor frequência de lacerações, hemorragia e infecções. Dentre os desfechos neonatais dos partos domiciliares planejados, verificou-se menor taxa de prematuridade, baixo peso ao nascer e necessidade de ventilação assistida." Acrescento também: a redução da taxa de violência obstétrica para com a gestante e redução de procedimentos desnecessários com o recém-nascido, o aumento do sucesso na amamentação e vínculo materno e aumento de satisfação do parto.
Depois de tudo isso, você ainda tem dúvidas e se pergunta: mas por que as mulheres optam por esse tipo de parto?
Segue o relato de uma gestante, que está grávida do seu segundo filho e planeja um Parto Domiciliar. Ela teve sua primeira filha de parto normal em uma maternidade do SUS. Confira:
"A
maioria das pessoas que estão em conexão comigo sabem que escolhi o
parto domiciliar para ter meu segundo filho, além das diversas
evidencias científicas que demonstram a seguridade desse evento e de ser
uma escolha consciente que iremos falar a seguir, quero falar um pouco
sobre o que me levou a essa escolha, do meu ponto de vista pessoal e
sobre tudo sentimental:
A primeira coisa que
eu prezei foi o aconchego e conforto de estar na nossa própria casa e
com as pessoas que conhecemos, amamos e confiamos. Esse pensamento
iniciou-se logo após o meu primeiro parto normal e hospitalar da Laura,
foram muitas pessoas desconhecidas ao meu redor, nas quais eu não
confiava, diversos nãos que eu tive que dar (não para ocitocina, não
para estourarem a bolsa, não para episiotomia) e os diversos exames de
toques que levei de várias pessoas que nunca nem descobri qual eram os
seus nomes, fora o ambiente branco nada acolhedor (fiquei livre, tomei
banho de chuveiro, mas definitivamente aquilo não era nada acolhedor).
Eu gosto de comparar o parto (o evento fisiológico), como ir no banheiro
fazer cocô, você só consegue fazer aquele cocô de forma íntima,
prazerosa e com segurança no banheiro da sua casa, sozinha ou com
pessoas conhecidas na casa, o parto é a mesma coisa. O meu parto, na
ocasião demorou 12 horas, sendo 3 já com dilatação total e eu só pari
quando eu e o vini estávamos - finalmente - sozinhos no quarto.
A segunda coisa tem relação com a primeira, evitar a tal violência obstétrica (
que vai desde cesáreas desnecessárias a exames de toques excessivos),
na MINHA casa, no meu ambiente, quem entra lá é só quem eu confio, quem
manda lá, sou eu. Na gravidez passada eu era bem mais brigona e mandona,
agora estou um pouco acovardada e é provável que em um hospital eu não
brigasse tanto para ter meus direitos respeitados, em casa, o meu plano
de parto esta feito e só fazem no meu corpo e no meu ambiente o que eu
deixar previamente combinado. As chances de uma violência quase caí a
níveis zero.
E a terceira, e na minha constatação a mais importante é a Laura, minha
filha estar ao nosso lado quando o irmão(ã) nascer. Afinal considero o
evento mais importante em uma família e que requer toda a família
reunida, ela foi a segunda pessoa a saber da gravidez, é a pessoa
que mais apoia e se empolga com o irmão(a) e não deixaria ela de
escanteio nesse momento mágico. Ela estar ao lado, saber que o irmão não
veio do mercado, continuar com a mãe 100% do tempo (e não 2, 3 dias
separados por um hospital) para mim foi o que selou a decisão de O parto
vai ser domiciliar."
Aline Shirazi Conte
Sendo assim, mulheres bem informadas, acompanhadas por profissionais competentes e experientes (geralmente Parteiras/Obstetrizes/Enf. Obstetra), optam em ter seus bebês no conforto do seu lar, com a companhia da sua família, até mesmo dos filhos mais velhos, e pessoas de sua confiança. Com o cheiro do seu lençol, comer a sua comida e dormir na sua cama.
Sendo assim, mulheres bem informadas, acompanhadas por profissionais competentes e experientes (geralmente Parteiras/Obstetrizes/Enf. Obstetra), optam em ter seus bebês no conforto do seu lar, com a companhia da sua família, até mesmo dos filhos mais velhos, e pessoas de sua confiança. Com o cheiro do seu lençol, comer a sua comida e dormir na sua cama.
Lembrando
que num bom Parto Domiciliar Planejado, sempre haverá um plano B
(hospital/maternidade) em caso de necessidade de transferência, pois na
dinâmica do parto poderá ter situações que precise de assistência
médico/hospitalar e/ou a gestante solicite ser transferida para alguma
intervenção que não pode ser realizado em casa.
Leia mais sobre os estudos realizados e a análise da Dra. Melania Amorim em http://estudamelania.blogspot.com.br/2012/08/estudando-parto-domiciliar.html
Beijocas,