A palavra parteira nos remete à uma mulher velhinha, com experiência em partos feitos em casa e que fez os partos das nossas avós. Levava consigo uma tesoura bem amolada para cortar o cordão umbilical, pedia para alguém esquentar uma panela com água, trazer muitas toalhas e ficava esperando o bebê nascer. Essas parteiras existem até hoje sim, são as chamadas parteiras tradicionais, aquelas do tempo da nossa vó/bisavó, algumas atuam ainda, mas muita coisa mudou de alguns anos pra cá, hoje as parteiras são profissionais que estudam e muito para atender as gestantes, e é sobre elas que vou escrever: obstetrizes e enfermeiras obstetras ou PARTEIRAS URBANAS.
Vou começar falando um pouco sobre os temas técnicos dessa profissão:
A
Obstetrícia é a ciência que estuda a reprodução humana. Investiga a
gestação, o parto e o pós-parto nos seus aspectos fisiológicos e
patológicos. O termo "obstetrícia" vem da palavra latina "obstetrix",
que é derivada do verbo "obstare" (ficar ao lado). Para alguns, seria
relativo à "mulher assistindo à parturiente" ou "mulher que presta
auxílio". Existem no Brasil três carreiras distintas na Obstetrícia:
Medicina: Para o médico receber o título de Especialista
em Ginecologia e Obstetrícia é necessário participar do programa de
residência médica com duração de 3 anos. Alternativamente, pode-se
prestar concurso promovido pela Federação Brasileira das Sociedades de
Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Após essa especialização, o médico
está apto a realizar toda a assistência à mulher no atendimento
ginecológico e obstétrico, inclusive parto cesárea.
Enfermagem:
Para o Enfermeiro receber o título de especialista em obstetrícia é
necessário realizar curso de especialização em Enfermagem Obstétrica.
Ele pode atuar no atendimento ao pré-natal, parto e puerpério de baixo
risco, ou seja, casos em que não há complicações. Quando um risco é
detectado, a responsabilidade passa a ser do médico.
Obstetrícia:
O profissional Obstetriz possui uma atuação bastante semelhante à do
enfermeiro especialista em obstetrícia, mas difere dele na formação.
Enquanto o enfermeiro precisa ter o diploma em Enfermagem e a
especialização em obstetrícia, a formação em Obstetrícia permite que o
obstetriz realize a assistência obstétrica sem a necessidade da
especialização. A graduação é focada na Obstetrícia, com destaque na
promoção da saúde da mulher e na assistência, cuidado da mulher durante a
gravidez, o parto e o pós-parto.
O Profissional Obstetriz: O
profissional formado pelo curso de Obstetrícia é um profissional
diferente de todos os que você conhece. Trata-se de uma formação na área
da Enfermagem, que já existiu em nosso país e que agora ressurge como
uma nova profissão: OBSTETRIZ, sinônimo de PARTEIRO DIPLOMADA ou
PARTEIRO PROFISSIONAL. Nova profissão para o Brasil contemporâneo, pois
ela já existiu em nosso país, assim como em vários países da Europa. O
Obstetriz é responsável pelo atendimento das mulheres durante a
gestação, o parto e o pós-parto. É esse profissional que acompanha todas
as fases do ciclo gravídico-puerperal: realiza o pré-natal, assiste e
realiza o parto normal e também cuida da mulher no pós-parto. Um
profissional médico é convocado em caso de alto risco ou de
complicações. Não pense que isso é apenas uma modernidade, coisa de
primeiro mundo; na verdade, o Brasil já teve obstetrizes, antes da
epidemia da cesárea, antes do parto ser considerado um evento perigoso,
antes desse tipo de formação ser descontinuado. A diferença é que outros
países perceberam que a tecnologia é feita para ser usada quando
necessária, e que o fisiológico, ou o natural, deve ser mantido e
valorizado. Afinal de contas, o parto é um evento NORMAL da vida das
mulheres.
A meta dos Obstetrizes é
assistir integralmente e de forma humanizada as mulheres, especialmente
as que se encontram em fase tão especial de suas vidas: a gravidez. Para
esses profissionais, o direito de escolha é da mulher; isso quer dizer
que incentivamos a mulher a se apoderar de seu corpo e decidir por si
mesma como ela quer conduzir seu trabalho de parto e parto, se quer
acompanhantes, se quer parir deitada, sentada, de pé, no hospital, em
uma casa de parto ou em casa. Enfim, sabemos bem nossa posição de
coadjuvantes do parto, competentes o suficiente para saber como e quando
agir se algo não estiver correndo bem com a mãe ou com o bebê.
(O texto acima foi retirado do site do Curso de Obstetrícia da USP/SP, o único local que oferece o curso de Obstetriz no Brasil.)
Agora
que está esclarecido o que uma Parteira/Obstetriz/Enf. Obstetra faz,
vou falar um pouco sobre o material que ela leva para atender um parto
domiciliar. Não, não é só uma tesoura amolada, pano e água quente.
Veja:
- Material estéril: agulhas, seringas, campo estéril para sutura, agulha de sutura, anestésico local, material de sutura, luvas, antisséptico;
- Material de reanimação neonatal: tapete aquecido, ambu, máscara, cilindro de oxigênio, material de aspiração, material de transferência;
- Material para emergência pós-parto materna: soro, material de punção venosa, drogas anti-hemorrágicas, etc.
Hoje
em dia, até mesmo as parteiras tradicionais tem passado por uma
reciclagem e precisam se atualizar para atender as gestantes e os
recém-nascidos. Não basta saber receber o bebê e cortar o cordão, como
foi dito acima, o papel da parteira vai muito além disso.
Resumidamente,
a Parteira Profissional está apta a fazer o pré natal da mulher com
gestação de baixo risco, assistir um parto normal e auxiliar no pós
parto e amamentação. Já no recém-nascido, ela pode fazer todos os
procedimentos necessários, como pesar, medir, reanimar (se necessário) e
emitir a Declaração de Nascido Vivo para registrar o bebê. Em que local
ela pode atuar? Na casa da gestante, no consultório, em Casa de Parto,
Posto de Saúde e em Hospital/Maternidade.
Ou
seja, se você tem uma gestação saudável, sem intercorrência e de baixo
risco, procure uma Parteira, converse com ela, você vai se surpreender
com o atendimento, profissionalismo e competência.
Beijocas,
Nenhum comentário:
Postar um comentário