quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Relato de Parto Domiciliar - Nascimento do Murilo 14/09/15, por Valéria Barbosa


Um parto sonhado, idealizado e muito esperado... Sou uma mãe de segunda viagem, que renasceu no dia do nascimento do seu príncipe mais novo.
Murilo foi mais um presente que recebi de Deus para que eu mudasse o meu pensamento sobre o que é maternar, para eu poder entender que na vida da gente o que vale realmente é o amor!
Não começarei falando da minha primeira gestação pq sinto que já superei tudo que me consumia devida as más lembranças. Então começo dizendo que o melhor que nós como gestantes, mães, podemos fazer é buscar informações,estudar, nos entregar e mergulhar de corpo e alma neste momento, empoderar-se realmente. Somo seres iluminadas, escolhidas para gerar, cuidar e amar esses pequeninos tão indefesos e de amor puro e gratuito.
Foi uma gestação tranquila e muito curtida dia após dia por mim e todos ao meu redor.
Com 40 semanas, já me sentia muito cansada, com 28 kg a mais, corpo inchado, peito cheio e uma espera diária e até angustiante em sentir as dores e assim iniciar meu parto que me consumia, entretanto não havia nenhum indicio que estava na hora! Via várias gestantes que estavam com menos tempo de gestação que eu, parindo, e eu nada! Meu Deus, que ansiedade!! Na verdade era um mix de ansiedade e medo. Medo de várias coisas, da demora, de não conseguir parir, de as coisas não correrem como esperado, enfim, de tudo! As orações eram diárias, os pedidos à Nossa Senhora do bom parto, Nossa Senhora Aparecida e Santa Filomena eram infinitos e vinham de todos, minha mãe, minhas tias, minha irmã, minha avó.
Foram 03 mudanças de lua, uma super Lua, um eclipse e nada!!!

No dia 08/09/2015 (terça feira) perdi meu tampão, o que me deixou animada e mais ansiosa ainda. Entretanto, foi só esse sinal e mais nada. Passei mais uma semana inteira esperando que toda noite ou na madrugada viria, mas amanhecia e nada!Dia 13/09/2015, eu já estava exausta psicologicamente cansada, uma dorzinha chata no “pé da barriga”, ânsia e indisposição, tive um pico de desespero talvez... chorei, chorei e chorei, fui consolada e amparada com todo amor e paciência por minha parteira, que veio ate minha casa, me ouviu, me abraçou, me examinou e me encorajou a ter calma, pois meu corpo já estava preparado e no percurso para a chegada do meu lindo e amado filho.
Dia 14/ 09/2015 (com 41 semanas e 01 dia), as 04h45min. desperto do sono, com aquela dor no pé da barriga um pouco mais forte e incômoda.
Levanto-me, vou ao banheiro, volto e tento deitar, fico no máximo 02 minutos e levanto novamente por que o incômodo era grande.
Acordo meu marido e digo que estou sentindo dores mais fortes e achava que poderia ser contrações.
Eram mesmo contrações (agora tinha certeza,..rs) e estavam vindo de 05 em 05 minutos, e a cada vez que vinham eu não conseguia me manter de pé, me sentia obrigada a ficar de quatro apoios no chão, e atrás de mim com um travesseiro e muito preocupado com meu bem estar, vinha meu paciente e atencioso marido, que me auxiliava a cada uma delas (fiquei andando de lá pra cá dentro de casa) e ele ainda conversava indicando a situação pelo whats com a parteira e a doula...
Penso comigo feliz... Yeeeees, estou em trabalho de parto, e ao mesmo tempo falo pra ele que não iria aguentar 24 horas daquela dor de louco... ele me olha e diz, aguenta sim... Mato ele só no olhar e sinto intensamente a próxima contração, que vêm com uma vontade inexplicável de fazer força... Ai meu Deus!!! Já?!
Ele avisa minha parteira, que me aconselha ir e permanecer em baixo do chuveiro na banqueta, assim faço, e ele corre pra encher a piscina (o que mais afirmei em toda gestação, era que meu parto teria que ser na piscina). Ele se reveza em me acudir, manter atualizada as parteiras, doula, fotografa, minha irmã e acalmar meu filho mais velho que no meio de tantos gritos de dor acordou assustado. (Que dó!!! Depois ele me disse que ficou até com cãibra de encher a piscina na velocidade da luz)
Olho em minha calcinha e tem sangue... outra contração e a mesma vontade de fazer força... Meu Deus que coisa de louco!!!
E as contrações continuam e a vontade de fazer força também, meu desespero agora é que chegue alguém... Já na “Partolândia, escuto no fundo meu marido dizer que segundo minha parteira (que esta na estrada a caminho), estou na fase latente... e espontaneamente solto... PUTA QUE PARIU quantas porra de fase tem mesmo, já não lembro mais nada que estudei!!!
E assim depois de mais umas duas contrações vejo minha doula entrando e isso me fortalece e me traz segurança para enfim parir. Ela chega com todo carinho, que pergunta como estamos e respira comigo, mas a vontade de fazer força só aumenta.
Grito, chamando meu marido, pois já sinto o circulo de fogo.
Foi o tempo de ele se abaixar e trocar de lugar com minha doula, escuto e sinto minha bolsa romper, e na próxima força, enfim nasce meu filho, às 7:21 hrs do dia 14 de Setembro.

Meu Deus que sensação maravilhosa, que orgulho de conseguir, que satisfação em ter lutado e podido parir meu filho do modo que escolhi e entendi ser o melhor pra ele e pra gente. Renasci como mãe, mulher e filha!! Vivaaaaaa...
Recebido e amparo pelo seu pai, nasceu o Murilo, lindo, gordinho, roxinho e cheio de vida!!! (Nascendo 05 minutos mais tarde, minha placenta!!)

Obrigada meu Deus, por me fazer mulher, por me proporcionar esse privilégio de parir, de trazer ao mundo um filho, a soma de dois amores, que resultou na vida de um ser humano abençoado!
Esse sem dúvida foi mais um momento mágico em minha vida. 

Automaticamente senti meu mundo se transformando, todo e qualquer espaço presente havia sido preenchido por um amor tão forte, por uma paz tão serena. Meu filho em meus braços, meu marido ao meu lado me amparando e se debulhando em lágrimas, olho na porta e lá esta minha doula Aline Dávila Bucci toda orgulhosa, minha irmã Vanessa Barbosa filmando assustada, (esta que chegou na exata hora do expulsivo) amparando ainda meu filho mais velho Yuri que também não contem sua alegria e lágrimas e as palavras doces e cheia de carinho das minhas parteiras Patricia Borges e Maria Tereza Eugenio Barbosa Barbosa . A única coisa que consigo fazer é agradecer!! 
Murilo nasceu em uma manhã de segunda-feira ensolarada, as 7:21hrs, não do jeito que eu planejei, mas muito melhor, na hora dele, do jeito dele, com 3.875kg e 0,50cm, e segundo dizem a cara do pai... Veio ao mundo da forma mais natural, respeitosa e cheia de amor que poderia ser possível, veio para afirmar à mim e a todas as mulheres, mães que me acompanharam nessa gestação e as que fazem parte da minha vida, de que sim, somos todas capazes e merecemos ter nossos filhos como escolhemos, com todo amor que merecemos e que o momento pede.
 Nem se eu viver cem anos conseguirei agradecer por poder viver tamanha emoção e transformação. Gratidão resume tudo que trago no peito, à Deus, as minhas santinhas, ao meu companheiro maravilhoso, que desde o inicio me apoiou, acreditou e lutou ao meu lado, minha amada e querida mãe, minha irmã, ao meu filho, as minhas parteiras, minha doula, por me motivarem, por acreditarem em mim e me fortalecerem a todo tempo, a Pamela Cantisani (fotografa) que devido a pressa do nosso pequeno não conseguiu chegar a tempo, mas conseguiu registrar todo amor no pós-parto com todo seu profissionalismo e atenção, a todos os grupos de informação à gestante, de empoderamento e de humanização, a todas as amigas, ativistas e participantes das rodas e rede... vocês foram muito importantes em cada processo da minha gestação! 
Obrigada!!<3

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Parto Domiciliar Planejado - Nascimento do Murilo 14/09/2015


Conheci a Valéria ainda no começo da gestação, ela tinha planos de fazer o parto domiciliar e me pediu ajuda, já que aqui em Caçapava não tinha registro de parto domiciliar planejado.
Próximo as 41 semanas de gestação, o Murilo já dava sinais que estava chegando. Alguns dias antes a Valéria foi examinada pelas parteiras que iriam acompanhar o seu parto domiciliar e foi constatado que o colo já estava bem favorável, tinha alguns poucos centímetros de dilatação e muitas contrações, algumas com dor e outras sem.  
No domingo dia 13/09 ela teve a visita da parteira, o bebê estava ótimo e ela fez um pequeno descolamento de membrana. A ansiedade já estava em seu limite, não foi possível segurar o choro, aquele choro onde todas as emoções são colocadas pra fora e limpa a alma. E foi assim, naquela madrugada de domingo para segunda que os sinais do trabalho de parto começaram.
Às 4h45 da manhã acordou com as contrações bem doloridas, foi ao banheiro e em 30 minutos já não estava tão confortável, precisou ir para o chuveiro para ajudar no alívio da dor e me enviou uma mensagem avisando o que estava acontecendo. Pedi para verificarem as contrações: muito doloridas, ritmadas, porém curtas. Ok, disse que iria aguardar um pouco mais para sair de casa e que qualquer alteração me avisasse.
Começou a sair um pouco do tampão com um pouquinho de sangue, sinal que o colo está se movimentando, ótimo. Depois de alguns minutos, ela já não conseguia ficar em pé durante as contrações, então sugeri a bola ou a banqueta de parto para ela ficar embaixo do chuveiro e poder descansar, também começou a sentir ânsia e as dores aumentaram de intensidade, então às 6h30 eu disse que estava indo encontrá-la.
Cheguei perto das 7h da manhã, do portão pude ouvir as vocalizações e fui imediatamente até o banheiro e constatei: fase expulsiva!!! A Valéria estava linda, divando embaixo do chuveiro, trazendo seu segundo filho ao mundo. Confirmei com o marido dela se a parteira já estava vindo e ele disse que sim, também falei que podia ligar pra fotógrafa, porque já era hora. Ele e o filho mais velho já tinham montado a banheira de parto e estavam esquentando água, mas eu desconfiava que não daria tempo...
7h18 a cabecinha do Murilo já apontava, ela chamou o marido para amparar o bebê (como estava no plano de parto). Mais uma outra contração e a cabecinha saiu, nesse exato momento as parteiras e a irmã (que ia filmar o trabalho de parto e o parto) chegaram e, na próxima contração, às 7h21, o Murilo nasceu! Lindo, cabeludo e chorou forte, foi diretamente das mãos do pai para o colo da mãe e ficaram lá, se reconhecendo por alguns minutos. O Yuri, irmão mais velho do Murilo, ficou super emocionado e foi lindo de ver também.
Saímos todos do banheiro e a Valéria foi andando com o Murilo no colo, ainda ligado à placenta (que nasceu minutos depois) e super bem. A fotógrafa chegou a tempo de fotografar o cordão sendo cortado, as primeiras mamadas e os primeiros cuidados com o bebê e a mãe.
Murilo nasceu dia 14/09/15, pesando 3875kg e medindo 50 cm de pura gostosura. A Valéria teve um trabalho de parto super rápido e um expulsivo à jato, uma laceração mínima, recuperação ótima e pode descansar na sua cama e na companhia do seu marido e seus dois filhos.
O nascimento de um bebê é sempre muito especial, mas poder presenciar mulheres no seu processo, no seu tempo, com sua força e natureza, no conforto do seu lar, é uma dádiva. Gratidão Valéria, Murilo, Tobias e Yuri, por me permitirem fazer parte desse processo tão lindo e cheio de amor. 

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Por que um Parto Domiciliar Planejado?

O Parto Domiciliar ainda existe e ele está acontecendo cada vez mais Brasil e no mundo. Muitas mulheres procuram por esse tipo de parto devido a atual assistência obstétrica brasileira, mecanizada, cercada de violência, mentiras e desrespeito para com a mulher, o bebê e a família como um todo e/ou porque se sentem mais seguras em casa.Primeiramente, saiba que o Parto Domiciliar é um direito de escolha da mulher, recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e que não existe proibição na lei para tal, ou seja, se a gestante tiver uma gestação de baixo risco, contratar profissionais capacitados para fazer o atendimento e se sentir segura, ela poderá ter um parto em casa.
Por que ter um parto domiciliar?

Aqui vamos falar sobre a parte hormonal e comportamental. Toda a dinâmica do parto pode ser comparado a relação sexual, pois envolvem os mesmos hormônios e, em geral, as mesmas características e comportamentos.
Em que ambiente você se sente mais segura, confortável e consegue aproveitar mais o momento do sexo? Você gostaria de pessoas desconhecidas no local ou pessoas te olhando na hora H? Sente mais prazer e fica mais relaxada em ambiente claro ou escuro, com um cheiro familiar ou outro? Se estiver com fome, sede ou com uma roupa desconfortável, claro ou escuro, é a mesma coisa? Relacione essas perguntas com o que você idealiza em um parto e tenha a resposta.
No trabalho de parto e parto, são liberados os mesmo hormônios e substâncias que na hora da relação sexual. Veja:
  • Prostaglandina - ajuda a preparar o colo do útero e é encontrada no sêmem;
  • Ocitocina o "hormônio do amor" - responsável pelas contrações uterinas durante todo o trabalho de parto e parto e na relação sexual está intimamente ligada à sensação de prazer, bem estar físico e emocional;
  • Endorfina - anestésico natural, ajuda o corpo a 'aguentar' a maratona do parto sendo liberada as poucos, também é responsável pelo efeito de euforia e prazer no sexo;
  • Adrenalina - é liberada em situações de estresse e risco percebido, uma inimiga do parto (deve ser liberada durante o expulsivo somente) e do sexo, pois em quantidade corta o efeito da ocitocina.
É importante saber que, como a Adrenalina corta o efeito da Ocitocina, e a Ocitocina é o hormônio responsável pelo bom desenvolver do trabalho de parto, quanto mais agradável, seguro e familiar o ambiente, mais saudável e prazeroso ocorrerá o parto, pois a mulher liberará naturalmente a quantidade de Ocitocina necessária. Se o ambiente é hostil, impessoal e mecanizado (como, em geral, são os hospitais), a mulher poderá se sentir acuada e com medo, liberando adrenalina e consequentemente reduzindo os níveis de ocitocina, resultando em uma parada na progressão da dilatação e no bom andamento do parto, tornando o trabalho de parto mais longo, com mais intervenções e, muitas vezes, traumático para a mulher, para o bebê e para a família.

É sabido que quanto menos intervenções e mais natural o parto, menos riscos mãe e  bebê correm. Numa análise feita pela Dra Melania Amorim, através de vários estudos sobre parto domiciliar, destaco: "Os partos domiciliares planejados se associam com menor risco de intervenções maternas, incluindo analgesia peridural, monitoração eletrônica fetal, episiotomia, parto operatório, além de menor frequência de lacerações, hemorragia e infecções. Dentre os desfechos neonatais dos partos domiciliares planejados, verificou-se menor taxa de prematuridade, baixo peso ao nascer e necessidade de ventilação assistida." Acrescento também: a redução da taxa de violência obstétrica para com a gestante e redução de procedimentos desnecessários com o recém-nascido, o aumento do sucesso na amamentação e vínculo materno e aumento de satisfação do parto. 


Depois de tudo isso, você ainda tem dúvidas e se pergunta: mas por que as mulheres optam por esse tipo de parto?

Segue o relato de uma gestante, que está grávida do seu segundo filho e planeja um Parto Domiciliar. Ela teve sua primeira filha de parto normal em uma maternidade do SUS. Confira:
"A maioria das pessoas que estão em conexão comigo sabem que escolhi o parto domiciliar para ter meu segundo filho, além das diversas evidencias científicas que demonstram a seguridade desse evento e de ser uma escolha consciente que iremos falar a seguir, quero falar um pouco sobre o que me levou a essa escolha, do meu ponto de vista pessoal e sobre tudo sentimental:
A primeira coisa que eu prezei foi o aconchego e conforto de estar na nossa própria casa e com as pessoas que conhecemos, amamos e confiamos. Esse pensamento iniciou-se logo após o meu primeiro parto normal e hospitalar da Laura, foram muitas pessoas desconhecidas ao meu redor, nas quais eu não confiava, diversos nãos que eu tive que dar (não para ocitocina, não para estourarem a bolsa, não para episiotomia) e os diversos exames de toques que levei de várias pessoas que nunca nem descobri qual eram os seus nomes, fora o ambiente branco nada acolhedor (fiquei livre, tomei banho de chuveiro, mas definitivamente aquilo não era nada acolhedor). Eu gosto de comparar o parto (o evento fisiológico), como ir no banheiro fazer cocô, você só consegue fazer aquele cocô de forma íntima, prazerosa e com segurança no banheiro da sua casa, sozinha ou com pessoas conhecidas na casa, o parto é a mesma coisa. O meu parto, na ocasião demorou 12 horas, sendo 3 já com dilatação total e eu só pari quando eu e o vini estávamos - finalmente -  sozinhos no quarto.
A segunda coisa tem relação com a primeira, evitar a tal violência obstétrica ( que vai desde cesáreas desnecessárias a exames de toques excessivos), na MINHA casa, no meu ambiente, quem entra lá é só quem eu confio, quem manda lá, sou eu. Na gravidez passada eu era bem mais brigona e mandona, agora estou um pouco acovardada e é provável que em um hospital eu não brigasse tanto para ter meus direitos respeitados, em casa, o meu plano de parto esta feito e só fazem no meu corpo e no meu ambiente o que eu deixar previamente combinado. As chances de uma violência quase caí a níveis zero.
E a terceira, e na minha constatação a mais importante é a Laura, minha filha estar ao nosso lado quando o irmão(ã) nascer. Afinal considero o evento mais importante em uma família e que requer toda a família reunida, ela foi a segunda pessoa a saber da gravidez, é a pessoa que mais apoia e se empolga com o irmão(a) e não deixaria ela de escanteio nesse momento mágico. Ela estar ao lado, saber que o irmão não veio do mercado, continuar com a mãe 100% do tempo (e não 2, 3 dias separados por um hospital) para mim foi o que selou a decisão de O parto vai ser domiciliar."
 Aline Shirazi Conte
 

Sendo assim, mulheres bem informadas, acompanhadas por profissionais competentes e experientes (geralmente Parteiras/Obstetrizes/Enf. Obstetra), optam em ter seus bebês no conforto do seu lar, com a companhia da sua família,  até mesmo dos filhos mais velhos, e pessoas de sua confiança. Com o cheiro do seu lençol, comer a sua comida e dormir na sua cama.
Lembrando que num bom Parto Domiciliar Planejado, sempre haverá um plano B (hospital/maternidade) em caso de necessidade de transferência, pois na dinâmica do parto poderá  ter situações que precise de assistência médico/hospitalar e/ou a gestante solicite ser transferida para alguma intervenção que não pode ser realizado em casa.

Leia mais sobre os estudos realizados e a análise da Dra. Melania Amorim em http://estudamelania.blogspot.com.br/2012/08/estudando-parto-domiciliar.html


Fotos (autorizadas) - Fotógrafa: Bia Fotografia / Gestante: Jéssica Quiroga
Beijocas,

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Relato de VBAC Hospitalar - Nascimento da Carol 09/09/15, por Vanessa Cravo


Me chamo Vanessa, tenho 32 anos, casada com Leandro há 4 anos e meio, juntos há pouco mais de 8 anos. Temos nosso Leonardo, de 2 anos e 9 meses, que nasceu com 38 semanas e 3 dias, de cesarea, onde infelizmente fui enganada quanto aos motivos pelos quais ela deveria ser feita, e apreensiva e desinformada acabei cedendo. Não demorou muito para eu perceber o que tinha acontecido e já coloquei na cabeça que da próxima vez seria tudo diferente. Eu não desejava apenas um parto normal. Eu desejava um parto natural. Humanizado. Sem intervenções. Sem enganação alguma. Eu fui atrás, entrei em grupos, conheci ativistas, conheci pessoas querendo ajudar, me informei, me emponderei, li muito, muito mesmo.
Então engravidei, e era chegada a hora! Fui procurar uma doula, e a primeira que me indicaram foi a Aline. Conversamos e gostei muito dela, porém soube que no hospital pra onde eu iria (Antoninho) não permitiria a entrada dela, a não ser que fosse como acompanhante. Fiquei chateada e acabei deixando pra lá. Continuei lendo, lendo, estava decidida que ninguém tiraria esse parto de mim. Então entrei no Grupo Roda Bebedubem, e fui à uma das rodas, onde a Erica me falou que eu poderia ir para o Hospital São Francisco em Jacareí. Eu não sabia até então que essa poderia ser uma opção. Liguei no hospital e me informei. Fui muito bem auxiliada pela Priscila do serviço social. Um amor ela. Eu e meu marido fomos até lá, conhecemos o hospital, o Centro de Parto... e gostamos muito. Fica na cidade de Jacareí, vizinha à nossa (São José dos Campos).
Lá eu poderia ter a compania do meu marido (o acompanhante por lei), da doula, e inicialmente da obstetriz. Ah... eu decidi contratar além da doula uma obstetriz. Para que eu pudesse ficar o máximo de tempo que desse em casa, e lá ela iria monitorar a bebê e me examinar. No final da gravidez soube que o hospital não permitiria mais a entrada de obstetrizes, mesmo cadastradas, mas de qualquer modo, eu precisava dela para o trabalho de parto em casa, apesar de ficar chateada de não deixarem mais ela entrar.
No dia 7/9 eu e Aline tivemos nosso último encontro antes do parto, onde ganhei uma massagem maravilhosa... eu estava de 39 semanas e 4 dias,e há cerca de 2 semanas estava em pródromos já, tive inclusive um alarme falso rs, que durou cerca de 2hs. No dia 8/9 fui ao Antoninho a noite fazer um cardiotoco, pois a ginecologista que me atendia disse que eu estava "liberada" e deveria ir à maternidade ser monitorada dia sim dia não naquela semana. Fiz o exame e estava tudo ok. Pedi para a médica do plantão, Dra Celeste, para fazer meu primeiro toque da gestação, eu estava muito ansiosa pra saber se tinha alguma dilatação, já que na do Leo com 38 semanas eu tinha 4cm e não sentia nada. Fiz e estava com 2 dedos. Animei!
Fomos tomar um caldinho no Vaca Preta pois estava sem energia no nosso bairro todo...fomos pra casa (sem energia desde as 17:00) e deitamos. As 2 da madrugada eu acordei o Leandro e falei "Posso jurar que estou em trabalho de parto. Dessa vez tá diferente." E eu levantava, deitava, levantava, deitava...as contrações não me deixavam raciocinar, eu estava muito empolgada, ansiosa...fiquei eufórica. Não acreditava que tinha chegado a hora. Fiquei com medo e vergonha de chamar a Aline e a Natalia e ser outro alarme falso. Mas bem que dizem... "quando for a hora vc vai saber!"


Mandei msg pras duas no whats, e elas responderam na hora. Fui contando as contrações e elas vinham tantas que não restavam mais dúvidas. Quando foram 4:00 pedi pra Aline vir e a Natalia disse que ia se arrumar pra vir também. Umas 5:00 a Aline chegou e a Natalia chegou logo após. Lá estavamos nós a luz de velas e lanternas rs. Um frio...e eu cheia de calor!
Daí Leandro não sabia se ia trabalhar ou não... a Natalia fez o toque e eu estava só com 3cm as 6:00 da manhã, e daí ele foi e eu ligaria pra ele. E assim fui ganhando massagem, andando, rebolando, fazendo compressa, usando florais, bola, conversando...tomamos café... quando eram umas 8:00 chegou a Ale, que ia fotografar o parto. As 9 e pouquinho Leo acordou e ficou conosco, um pouco após minha irmã veio pra distrair ele. As 10:00 a luz voltou e eu fui um pouco pro chuveiro. As dores começaram a vir mais perto uma da outra e mais intensas... e aí eu já chorava em algumas rs. Mas estava firme e forte! Desistir não passou pela minha cabeça um segundo sequer! O apoio das meninas foi essencial! Senão eu não teria conseguido. Eu achava que doula era desnecessário... de forma alguma. Elas são parte da minha conquista, por eu ter conseguido. Obrigada meninas!
Então num novo toque eu estava com 5cm. Saiu bastante tampão e com muito sangue. Aquilo me animou e também me deixou apreensiva. "Meu Deus e se ela nasce aqui" kkkk. Eu até queria isso...mas tinha um pouco de medo de que algo acontecesse e eu me sentisse culpada. Então a Natalia disse que se eu quisesse ir pro hospital nós iríamos, que eu decidia quando fosse a hora, até onde eu aguentasse. E eu decidi ir, pois chegando lá teria que fazer ficha, passar em consulta, essa burocracia toda.

Minha irmã e meu pai levaram Leo e fomos eu e Aline atrás e a Natalia dirigindo. Eu ganhando massagem rs. Nossa, que massagem! Aliviava a dor absurdamente! Atrás seguia a Alê com as malas rs. Nisso eu já tinha ligado pro Leandro na fábrica e ele estava indo pra lá. Chegamos lá e Leandro foi fazendo minha ficha, eu entrei pra passar em consulta com a Aline, e a Natalia e a Ale ficaram esperando lá fora, se poderiam liberar a entrada delas. Fui recebida pela obstetriz do São Francisco, a Beatriz. Passei em consulta, estava com 7cm, fiz o cardiotoco, tudo ok, e eu já estava sentindo os puxos, a pressão. Aceitei tomar glicose na veia pois estava muito fraca, não tinha comido há um tempinho, pois as contrações estavam me dando enjôo se visse comida.

Beatriz fez outro toque e Carol já estava ali!!!! Lembro dela falando "ela tá aqui ó" que emoção!!!! Fui pro chuveiro,Leandro ficou ali comigo, e os puxos foram ficando mais e mais fortes...era incontrolável!!! Um momento muito engraçado foi quando olhei pra porta e tinha uma galera kkkkkk, acho que até a moça da recepção estava lá, me fazendo jóia, tipo "vai com tudo" rs... ela sorria e fazia jóia com o dedo rs, eu achei mto engraçado e tudo isso só me empolgava mais! Há quem se incomode, eu não tava nem aí, todo apoio era muito bem vindo! Beatriz arrumou a banqueta, e lá fui eu. Nesse momento eu já estava meio fora de mim, não sei se é isso que chamam de Partolândia kkk mas era uma sensação muito doida! A dor era grande, mas ao mesmo tempo não era nada!

E Carol vinha...e vinha... e eu já não era mais eu mas ainda era ao mesmo tempo, foi inexplicável, eu queria gritar e gritei (não muito rs), e dei uma descontrolada acho, tentei levantar rs... com ela já "ali"...mas foi rápido... Leandro estava atrás de mim na poltrona me amparando, Natalia segurava minha mão direita, Aline segurava a esquerda, Ale tirava fotos, Beatriz estava ali na frente pra pegar a Carol... e nasceu a Carol. Uma pressão enorme, uma queimação, e ali estava ela!!! A bolsa estourou na última contração praticamente, quase que ela vem empelicada, tinha o cordão em volta do pescoço, Beatriz tirou e já me deu ela... tão quentinha, gostosa... que sensação única!!! Ela deu umas tossidinhas e gritou, abriu os olhos...linda! Que sensação, que sentimento inexplicável!
Tive laceração, os pontos já foram absorvidos, não doeram. Me sinto realizada, vitoriosa, corajosa, vencedora. Carol veio ao mundo de forma natural, sem intervenções, mamãe se sente orgulhosa por ter aguentado a dor, feliz por ter tido todo o apoio do papai, por ter conseguido ter a compania das profissionais, pela Carol ter vindo cheia de saúde!!! Nasceu as 17:38, com 2,995kg, 46 cm e 39 semanas e 6 dias.
Dei muita sorte de ter companhias maravilhosas e que me apoiaram. De ter o marido me apoiando e ao meu lado td o tempo. De ter uma obstetriz maravilhosa que cuidou da gente. Uma doula sensacional que foi mais que minha melhor amiga. De encontrar la uma obstetriz que respeitou minhas vontades. Pessoas que junto comigo tornaram meu sonho realidade. Obrigada tb a Ale que registrou esse momento!
Aline falava a cada dor: "mentaliza seu colo se abrindo, a Carol ta chegando, essa contração é menos uma, a Carol ta vindo!"
Mulheres, acreditem em vocês! Não se deixem enganar. Se informem. Façam com que suas escolhas sejam respeitadas. Estou muito feliz, eu precisava viver isso, e eu viveria tudo de novo, pois é uma sensação maravilhosa! Foram 16hs de trabalho de parto, onde conheci mais a mim mesma e à uma força que eu cheguei a achar que não teria, mas mesmo assim eu dizia "eu vou aguentar, eu vou conseguir!". E eu consegui!!!

VBAC Hospitalar (Parto Nornal Após Cesárea) - Nascimento da Carol 09/09/15



No dia 09/09/15 nasceu a Caroline, de um lindo e muito desejado parto normal após uma cesariana (VBAC).
Na terça-feira dia 08/09, a Vanessa teve pródromos bem fortes, sinal que o trabalho de parto estava para começar logo logo. Na quarta-feira 09/09 recebi uma mensagem às 4h20 da manhã com ela me avisando que estava com contrações fortes e ritmadas há quase 2 horas. Então às 5h30 cheguei na casa dela e realmente não tinha dúvidas, a fase latente já tinha começado. A obstetriz chegou, avaliou a bebê (que estava ótima), fez um toque, 3cm de dilatação.
A Vanessa ficou na bola, caminhou um pouco e resolveu preparar ela mesma o café da manhã, porque dessa maneira, conforme ela, era mais fácil de lidar com as dores. Tomamos café da manhã e, depois de comer, as contrações se intensificaram um pouco mais, as massagens também já se faziam mais necessárias, assim como as mudanças de posição. A fotógrafa também chegou.
Nesse tempo o Leo, filho mais velho, acordou, brincou, fez carinho na barriga e depois foi pra casa dos avós. A Vanessa já estava com as contrações bem doloridas, a energia voltou (sim, a energia elétrica tinha acabado na noite anterior e voltou só no meio da manhã) e ela foi para o chuveiro. Ficamos lá por 1h mais ou menos, contrações cada vez mais fortes e as vocalizações já eram necessárias para aliviar a dor.
Saiu do chuveiro, comeu uma maçã verde e às 12h45 5cm de dilatação, bebê bem baixinha já. Um cochilo aqui e outro ali, entre uma contração e outra, bolsa de sementes com lavanda quentinha pra ajudar e mais massagem. Às 15h foi decidido ir para o hospital.
Chegamos lá mais ou menos 40 minutos depois e a Vanessa estava com 6cm. O marido dela chegou, foi fazer a internação e assim podemos entrar no Centro de Parto Normal. Precisou fazer o carditoco e no finalzinho dele, lá pelas 17h15, os puxos já começaram, a Vanessa conseguiu ir para o chuveiro e ficou lá por uns 10 minutos, sendo acompanhada pelo marido e continuando a fazer força quando vinham os puxos involuntários.
Precisou sair do chuveiro porque a bebê já estava bem perto de nascer e foi para a baqueta de parto no quarto, ficou apoiada em seu marido, mais umas 4 ou 5 contrações e a Carol nasceu, com uma circular de cordão e quase nasce empelicada, a bolsa estou sozinha na última contração. Foi para o colo da mãe imediatamente, deu um choro forte e logo se acalmou, quentinha, pele a pele e reconhecendo seus pais.
A Carol nasceu às 17h38, pesando 2990kg e medindo 46cm, cabeludinha. A Vanessa foi para a cama esperar a placenta nascer e suturar a laceração que teve. Assim que os procedimentos terminaram a Carol foi para o peito, com uma pega perfeita que acertou de primeira, mamou os dois peitos e dormiu por mais de uma hora. 
Ainda ocitocinada escrevo esse relato, imensamente agradecida por poder participar e presenciar mais um bebê nascer, presenciar um VBAC, presenciar mais uma mulher/mãe renascer e mais uma família crescer com tanto amor.

Obrigada Vanessa, Carol, Leo e Leandro!  


quarta-feira, 14 de outubro de 2015

A busca pelo pediatra perfeito


Na hora de escolher o pediatra é preciso verificar alguns pré requisitos. Como sempre, precisamos estar informados e atentos na hora de escolher o profissional que vai nos ajudar com relação a saúde dos nossos filhos. Não basta ter um diploma e uma voz doce e simpatia, é preciso muito mais.

Para mim, o principal ponto a ser analisado na hora da escolha desse profissional é se o que você defende e acredita será, pelo menos, respeitado por ele. Exemplo clássico: se você acredita no aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de vida do bebê (o que é recomendado pela Organização Mundial de Saúde), você tem que achar um profissional que não irá te prescrever fórmula no primeiro mês que seu filho não ganhe peso suficiente na visão dele, nesse caso vocês deverão tentar achar juntos uma outra solução, seja arrumando a pega do bebê no peito, verificar como está sendo feita a livre demanda, etc, e não simplesmente ele prescrever e você ser "obrigada" a aceitar. Digo "obrigada" porque às vezes parece que nós esquecemos que temos um instinto materno/animal muito forte, e acabamos cedendo a pressões externas, sendo que lá no fundo nós SABEMOS o que é certo ou errado para NOSSO filho.

Esse foi só um pequeno exemplo, poderia citar também posição de ambos com relação a vacinação, curva de crescimento, peso, medicalização, sono, uso de mamadeira e chupeta, e até criação, coisa que tem muito pediatra fazendo por aí. Tudo isso deve ser conversado, verificado os pós e contras, colocado na balança, e não somente ser imposto porque é de praxe, afinal cada bebê é único.

Tem também a questão do atendimento de "socorro", aquele profissional que passa o número do celular, e-mail ou algum outro contato que não seja o do consultório. Eu particularmente me sinto muito mais segura se puder entrar em contato com o médico que já conhece a Sofia e sabe do histórico dela quando aparece alguma coisa diferente, ao invés de sair correndo para o Pronto Socorro e expor a minha filha a outros fatores contaminantes e a médicos que não sabem como é a saúde dela e acabam medicando ou dando diagnósticos que, na maioria das vezes, poderiam ser tratados de maneira menos invasiva e até mais natural. Sabemos como está a situação atual dos hospitais, seja público ou particular, então é melhor não arriscar por um simples resfriado ou febre (coisas comuns na infância). Insisto que nesse momento vale ouvir o instinto e se conectar realmente com a criança para entender o que está acontecendo, algumas vezes surgem sintomas físicos, mas o problema é emocional, então temos ficar sempre atentos.

Então, se você conseguiu achar aquele pediatra que é atencioso com você e com a criança, te passa confiança, e te apoia em suas convicções, agarre ele(a), porque digo por experiência própria e de muitas amigas mães, tá difícil! O pediatra perfeito não existe, mas ele pode ser muito bom se escolhermos bem.

Beijocas,